Ceratocone

Ceratocone e anel intracorneano

27 junho 2015

Ceratocone é uma doença na qual observa-se uma deformação cônica associada a afinamento da córnea e redução da visão devido principalmente ao desenvolvimento de miopia e astigmatismo irregular.

Dependendo do estágio da doença, a correção da visão é obtida com o uso de óculos ou lentes de contato. Em casos raros e avançados pode ser necessário transplante de córnea, que apresenta taxa de sucesso próximo a 100% dos casos operados.

Uma das orientações mais importantes para o paciente com ceratocone é não coçar, apertar ou esfregar os olhos, já que o hábito de coçar os olhos parece ser um importante fator de risco para o aparecimento e progressão desta doença.

Entre os tratamentos disponíveis, estão o cross-linking de colágeno e a implantação de anel intracorneano. Estes tratamentos são invasivos e são praticados por alguns oftalmologistas.

Neste texto apresentaremos algumas informações sobre ceratocone e anel intracorneano.  A implantação de anel intracorneano consiste na implantação de segmentos de anel de PMMA (polimetilmetacrilato) no estroma da córnea, com o objetivo de modificar a curvatura da córnea e com isto melhor a visão do paciente. Nos Estados Unidos é utilizado o INTACS e no Brasil é mais conhecido o anel de Ferrara. O conceito foi proposto por Reynolds em 1978 e avaliado inicialmente para tratamento da miopia, recebendo a aprovação do FDA. A partir de 2001 passou a ser usado para tratamento do ceratocone, quando se tornou mais conhecido.

O tratamento tem sido indicado em portadores de ceratocone grau leve ou moderado, estando contraindicado quando existe opacidade central na córnea, em córneas com espessura abaixo de 450 no local da implantação, ou quando o paciente obtém boa correção visual com óculos ou está bem adaptado a lentes de contato.

Apesar de muitos pacientes se mostrarem satisfeitos com o resultado da cirurgia, diversas complicações relacionadas à implantação de anel intracorneano foram descritas. Entre as complicações descritas destacam-se: extrusão expontânea, centralização incorreta, colocação do anel em profundidade superficial, presença de depósitos no canal da implantação, desenvolvimento de opacidade corneana, cerarite infecciosa bacteriana ou fúngica, ceratomalácia, halos noturnos, dor persistente, piora da acuidade visual, dificuldade de adaptação com lentes de contato após o procedimento, frustração quanto às expectativas do paciente.

Em caso de complicações, é possível retirar o anel intracorneano, mas podem ocorrer sequelas permanentes.

Em 2014 foi anunciado o início de uma revisão sistemática sobre anel intracorneano para tratamento do ceratocone (Zadnik,K & Lindsley,K), com o protocolo Cochrane. A data prevista para publicação desta revisão é junho de 2016. Não se encontra na literatura oftalmológica revisões sistemáticas realizadas por órgãos independentes e utilizando metodologia adequada com avaliação da qualidade científica dos trabalhos publicados sobre o assunto.

Temos grande experiência com ceratocone em nosso consultório. Não recomendamos esta modalidade de tratamento a nossos pacientes. A nosso ver, a implantação de anel intracorneano para tratamento de ceratocone é um método agressivo e relativamente recente, com risco de complicações, sendo prudente aguardar a publicação de revisões sistemáticas que avaliem o procedimento.

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