O Centro de Controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos (CDC) detectou mais de 80 casos de infeções graves relacionadas ao uso de lágrimas artificiais, pela bactéria Pseudomonas Aeruginosa resistente a antibióticos.
Entre maio/2022 e maio/2023 foram identificadas 4 mortes, 14 casos de perda de visão incluindo 4 casos de retirada do globo ocular, em 18 diferentes Estados americanos.
O CDC identificou que os pacientes se contaminaram pela bactéria Pseudomonas Aeruginosa através do uso do colírio “Artificial Tears – Lubricant Eye drops”, distribuídos por EzriCare e Delsam Pharma e fabricados na India por Global Pharma Healthcare. O colírio, sem preservativos, estava disponível em frascos de 15 ml.
Uma pequena quantidade da gota do colírio aplicada ao olho passa para a cavidade nasal e é parcialmente absorvida para o sangue. Os frascos do colírio lubrificante apresentavam contaminação do seu conteúdo. Ocorreram infecções no olho, pneumonia, além de internações, perda da visão e mortes.
O FDA determinou o recolhimento de todos os frascos do colírio responsável e, por precaução, de pomada oftálmica produzida pelo mesmo laboratório, em fev/2023. Novamente, em out/2023, ampliou a proibição de venda e uso de outros 26 colírios lubrificantes das marcas CVS Health, Cardinal Health, Rite AID, Target Up&Up e Velocity Pharma. Esses colírios eram vendidos, como no Brasil, sem obrigatoriedade de receita médica.
Considera-se que o uso de lágrimas artificiais não apresenta riscos. É usado por hábito ou para olho seco, apesar de não apresentar efeito terapêutico duradouro. A ocorrência do surto de complicações graves relacionado ao uso de lágrimas artificiais sem conservantes, em 2022-2023 nos Estados Unidos, serve de alerta para mostrar que essa medicação, aparentemente segura, pode causar problemas oculares e sistêmicos graves. Obviamente, não deve ser usado se não houver necessidade.
Saiba como o CDC identificou o colírio responsável pelo surto de infeções graves.