1 julho 2015
O termo charlatanismo é usado para descrever práticas de exploração da credulidade pública, geralmente anunciando tratamentos ou curas por meio secreto, esotérico ou infalível. No passado, o charlatão apresentava-se em praças ou feiras para vender drogas ou elixires reputados milagrosos, seduzindo o público e iludindo-o com discursos (em inglês, utiliza-se a palavra quackery, que isignifica fala do pato). O termo charlatão é usado também para se referir a pessoas que, por seus conhecimentos empíricos, faz-se passar por médico e pratica a arte de curar sem estar legalmente autorizado (Houaiss).
Entre os exemplos de charlatanismo relacionado à visão, está o uso da cor azul através de vidros e filtros azuis para promover saúde.
Este tratamento foi proposto pelo General do exército americano James Peasonton (1808-1894) que publicou em 1876 o livro “A influência dos raios azuis da luz solar e da cor azul do céu no desenvolvimento da vida animal e vegetal“. Segundo Pleasonton, a luz azul seria benéfica para a saúde do ser humano, animais e plantas, sendo capaz de fortalecer a constituição de pessoas, aumentar a longevidade e tornar os deficientes físicos mais saudáveis. Além disso, acreditava que a luz azul aumentava a produção de uvas. Propôs galpões de cultivo com paredes e tetos com vidros azuis. Em 1877, a revista Scientific American publicou uma série de três textos sob o título “The Blue Glass Deception“, nos quais demonstrou a ausência de fundamento científico da teoria e e a ineficácia do tratamento proposto por Pleasonton.
Edwin D. Babbitt (1828-1905) publicou em 1878 o livro “Os princípios da luz e da cor: O poder de cura através da cor“. Diversos adeptos do poder de cura através de luzes ou lentes coloridas, levaram ao desenvolvimento de práticas ligadas à fotorretinologia, terapia por cores ou cromoterapia. No passado utilizou-se máquinas que dirigiam luzes coloridas pulsáteis em direção aos olhos e que promoveriam a cura de erros refracionais, problemas de coordenação motora e outros problemas de saúde. Nos Estados Unidos a venda de máquinas que podem irradiar feixes de luzes coloridas com propósito curativo é proibida por lei por ser considerada prática de charlatanismo e é passível de prisão por fraude.
Diferentes práticas ligadas à cromoterapia continuaram a ser oferecidas ao longo do século XX e ainda hoje. Esta abordagem terapêutica existe há mais de 100 anos, mas sua eficácia nunca chegou a ser comprovada. Faz parte de um grupo de tratamentos alternativos baseados em observações empíricas que não resistem ao escrutínio científico e possuem características esotéricas e holísticas. Estes tratamentos são geralmente recomendados para problemas não relacionados aos olhos ou à visão, não fazem parte do arsenal de tratamentos da oftalmologia e sua utilização não está relacionada aos achados do exame oftalmológico. Existe um público específico de clientes que sentem-se atraídos por este tipo de tratamento que propala efeitos extraordinários, através de propriedades ligadas à energia eletro-magnética e à suposta ação sobre a glândula pineal, apesar de sua eficácia não ter sido comprovada em estudos científicos bem controlados.
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